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02
Jan14

Crónica do ano que passou

por rainhadasucata

Há um ano atrás, no segundo dia de 2013,  o meu estado de espírito estava dominado pela confusão. Tinha ficado sem o meu emprego fazia cerca de duas semanas e, apesar da tristeza, desilusão, choque e sensação de vazio com que tinha ficado pelas circunstâncias em que tal aconteceu, a verdade é que ainda me sentia ainda como que numas (merecidas) férias. Tinha estado entretida e ocupada com os festejos da época, tinha as pessoas mais próximas de mim com mais disponibilidade, e havia a minha viagem de sonho marcada para dali a pouco mais de um mês a pesar do lado positivo da balança.

Depois os dias começaram a acumular-se e estar em casa sozinha deixou de ter qualquer tipo de piada, mas ainda tinha o entusiasmo (meu e de quem me esperava ansiosamente do outro lado) dos preparativos para a viagem a animar-me.

Em Fevereiro chegou finalmente a hora de deixar para trás um dia frio e chuvoso no Aeroporto de Lisboa, meter-me num avião e sobrevoar o Atlântico durante quase 10 horas antes de aterrar na Cidade Maravilhosa, em pleno Verão e em domingo de Carnaval. Tinha a oportunidade de ver família que não via há muito e alguma que quase não conhecia, ia visitar o sítio onde eu sempre quis ir, o Rio era lindo e era ali que eu ia estar durante as próximas duas (que entretanto passaram a três) semanas. Fui fantasticamente bem recebida por toda a gente, conheci pessoas maravilhosas e todos me fizeram sentir em casa. Fui à praia, fui a todos os sítios turisticos e àqueles que só os locais conhecem e recomendam, apaixonei-me, maravilhei-me, comovi-me com aquela cidade e aquele povo e seu modo descontraído, aberto e colorido de viver a vida. Eu estava dentro das novelas que cresci a ver. Eu estava feliz. Tudo aquilo me fez esquecer temporariamente as agruras que me esperavam no regresso, e cada vez que lembrava, batia uma tristeza e um desespero que fiz por afastar o mais possível.

Os dias a seguir ao regresso foram terríveis, a súbita e drástica mudança de cenário foi brutal em mim. O choque com a realidade do regresso a este país tão cinzento por dentro e por fora enristeceu-me até às entranhas. Toda a gente aqui estava feliz por me ver, ansiosos por saber como tinha sido, e eu só queria chorar quando me lembrava. E como não queria chorar à frente de ninguém (nunca quis) nem que pensassem que não estava feliz por vê-los, fugia às respostas, dizia que sim e forçava um sorriso para engolir as lágrimas. Eu queria voltar, não queria estar aqui.

Ultrapassado o choque inicial, defini um plano: vou procurar um novo emprego, e se até ao fim de 2013 não encontrar nada, vou para o Brasil. A princípio, e ainda que me esforçasse na procura, a minha esperança e a vontade de ficar eram poucas. A minha cabeça estava lá, e Portugal já não parecia ter nada para me oferecer, mas ao longo deste ano foi-se operando uma mudança de perspectiva.

Comecei a olhar para os sítios que visitava como quem se despede, numa consciência de que podia ser a última vez que atravessava a ponte a um fim-de-semana para ir à praia na Costa da Caparica, que podia ser a última vez que ia passar férias ao Algarve e apanhava o pequeno comboio para ir à lindíssima praia do Barril, a última ida à terra do meu pai e o último mergulho no rio, por aí fora. E à medida que isto acontecia, eu comecei a ver com outros olhos a maravilhosa beleza e diversidade do país em que nasci. Aí começou a crescer, por um lado, a vontade de ficar e de lutar por isso, e por outro o desalento de ver que as condições oferecidas em nada ajudavam esta decisão.

Agora, um ano depois, a minha situação em nada se alterou (quando muito, se o fez, foi para pior) e eu sou confrontada com a decisão que jurei para mim mesma tomar, e com o pesar de todas as conclusões que tirei neste tempo. E a vontade que tenho é de a adiar, consciente porém que posso estar a adiar o inadiável.

O Brasil está lá à minha espera, a piscar-me o olho, a acenar-me com caipirinhas e a chamar por mim com um sotaque quente.

Portugal está aqui, com tudo tão perto, a cantar-me num fado que não parta, que coma mais um pastel de nata em frente ao Tejo e que lhe dê uma hipótese de me fazer feliz. 

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29
Dez13

Será que é desta?

por rainhadasucata

Parece que este ano, e em estreia, vou finalmente passar o reveillon num sítio que não em minha casa ou de familiares. Há vários anos que insisto com o meu namorado para irmos para algum lado neste dia, mas nunca o consegui convencer, e no ano passado a coisa deu mesmo para o torto e quase que a conversa acabava com o namoro. Mas este ano vamos passar em casa de uns amigos, só 3 ou 4 casais. Ora não sendo uma festança de arromba num sítio chique, vai mais de encontro àquilo que é o nosso conceito de diversão do que ir para uma discoteca ou estar na rua (dizem que vai chover muito) com uma garrafa de champanhe na mão.

A verdade é que um "revelhão" em grande, uma festa assim de "arrebimba o malho" para recordar para o resto da vida como a melhor noite de sempre, foi coisa com que sempre sonhei, mas sinceramente agora já perdi um pouco essas expectativas.  Pode ser que aconteça agora, ou para o ano ou mesmo daqui a 20 ou 30 anos, ou nunca, que eu ainda espero estar cá para ver muitas vezes a contagem decrescente, e pessoas a subirem para cima de cadeiras com dinheiro nas mãos, e cuecas azuis, e a comer passas a fazer caretas (blhé, eu é com pinhões que a pessoa é fina) e a bater panelas (que, por outro lado, a pessoa vive nos subúrbios).

Neste momento, já só me apetece passar um bom bocado, rir-me um bocadinho e que não aconteçam desgraças, ou seja, que seja uma passagem de ano assim para lá de mais-ou-menos.

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26
Dez13

Este ano fui uma menina má

por rainhadasucata

Não sou casada, não tenho filhos, sou (tecnicamente) filha única e ainda vivo em casa dos meus pais, tenho 24 anos. Ainda não estou preparada para deixar de ter natal, para passar a ser eu a comprar tudo a toda a gente e não receber nada de ninguém. Não estava no ano passado e não estava este ano, mas foi o que aconteceu. Não me parece justo. Como é que isto pode ser?

Será que eu me portei mal o ano inteiro? Fui uma menina má? Não, estive desempregada o ano inteiro mas andei sempre à procura, fiz curso da vida (in)activa mandado pelo centro de emprego, fiz todas as apresentações quinzenais, fui a uma mão cheia de entrevistas. Não fiz mal a ninguém, não me meti nos copos nem nas drogas, não traí o meu namorado, não fiz sexo anal. Comecei a fazer exercício, fui às compras de supermercado todas as semanas, ofereci lembranças quando viajei e presentes aos filhos das amigas. Aturei merdas de muita gente e tentei ao máximo que não tivessem que aturar as minhas.

"Ah o natal é para as crianças" mas quando é que eu deixei de ser criança, e porque raio ninguém me avisou? Tanta coisa na minha vida que está na mesma desde que eu era criança, inclusivé a minha altura, os meus pés e a minha cara. Ainda não posso fazer o que eu quero. Porque é que têm de me tirar já o natal?

O ano passado custou mais, este custou menos. Acredito que a partir de agora custe sempre menos um bocadinho. Mas é bem pior do que quando descobri que o Pai Natal não existe.

 

O que mais me lixa? As pessoas preocuparem-se mais com a obrigação de dar alguma coisa aos outros, aos de fora, "para não parecer mal", e fazer o brilharete com o dinheiro, o trabalho e a imaginação dos outros, e quem está cá em casa não interessar.

É tudo, por agora, para o ano há mais.

 

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23
Dez13

O melhor de 2013

por rainhadasucata

Inspirada pela malta do sapo, vou então enumerar o melhor de 2013 nas categorias sugeridas. Claro que isto é tudo subjectivo e a minha opinião, são os meus melhores, o que gostei eu gostei mais, não quero saber do que diz o resto do mundo.

Vam' lá ver:

 

1 - Melhor Série - The Walking Dead

 

 

2 - Melhor Filme - Silver Linings Playbook

 

 

3 - Melhor Livro - O Prisioneiro do Céu

 

 

4 - Melhor Viagem - Rio de Janeiro

 

 

5 - Melhor Post

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