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Gosto de ver telenovelas e gosto de clássicos a preto e branco.
Gosto de sushi e gosto de dobrada.
Gosto de ouvir heavy metal e gosto de ouvir (e dançar) kisomba.
Gosto de preto e gosto de branco. E das outras cores.
Gosto de ler a revista Maria e gosto de ler Saramago.
Gosto de ser muito branquinha e gosto de ir à praia.
Gosto dos musicais do Lá Féria e gosto de teatro.
Gosto de maquilhagem e gosto de carros desportivos.
Gosto de ser tímida a início e gosto de ser uma grande maluca depois de conhecer (e gostar) (d)as pessoas.
And the list goes on...
A gente sabe como um dia começa, mas nunca sabe como ele acaba.
Verdade seja dita que o dia de ontem começou de maneira um pouco diferente, mas não podia imaginar que me reservasse tantas surpresas como fez.
Obriguei-me a acordar um pouco mais cedo do que o costume nos últimos dias semanas meses, numa tentativa de estabelecer novas rotinas de sono e deixar de dormir como se estivesse no fuso horário do Rio de Janeiro. Tomei o pequeno almoço, estive no computador, vesti uma roupa desportiva já a contar com uma possível corrida à tarde, visto que o dia estava bonito, e fui buscar uma pizza (grátis, porque tinha acumulado pontos). Jiboiei um bocadinho no sofá, olhei para o relógio e surpreendi-me com as horas que eram (cedo demais para eu já ter almoçado e estado no sofá). Fui para o computador novamente enviar currículos, e enviei mais do que fao habitualmente. Uma vez que constatei que ia chover, desisti da corrida e comecei a ver um filme. Mais tarde fui fazer um chá e buscar umas bolachinhas enquanto via o filme.
Entreanto recebo um telefonema de um número que não conhecia. Pensei se seria alguma resposta a uma das candidaturas que enviei, mas estranhei a hora tardia do contacto - eram 18h - quando atendi era uma amiga a dizer que no emprego dela estavam à procura de uma pessoa para preencher uma vaga e quando lhe perguntaram se ela conhecia alguém, ela lembrou-se logo de mim e pediu o meu número a uma outra amiga nossa. Disse que sim, que estava interessadíssima e fiquei de enviar o meu currículo. Ela ligou-me logo de seguida e perguntou se eu podia pôr-me lá depressinha para ir a uma entrevista. Eu disse que sim, claro e voei para lá o mais depressa que pude (a sério, eu acho que nunca me vesti tão depressa), sempre a pensar que era um bom sinal ter sido indicada por uma pessoa que trabalha na empresa mas que era só uma entrevista. Pois que não foi.
O senhor, director dos recursos humanos, olhou brevemente para a página inicial do meu currículo que estava impresso à sua frente, perguntou-me apenas se eu sabia trabalhar com um computador (bitch please), se podia começar já amanhã, ("não amanhã se calhar ainda é cedo, mas segunda-feira, sexta vem só para conhecer as instalações e o pessoal"), e começou a falar-me em valores e a conversar com outra responsável sobre assuntos da empresa à minha frente e mandou-me ir prencher a ficha de admissão.
Ou seja, este homem estava a contratar-me sem ter feito um processo de selecção e, praticamente, sem me ter feito uma entrevista. Eu fiquei um bocado aparvalhada (confesso que ainda estou), principalmente depois de ter passado um ano a fazer jornadas de recrutamento sem fim em que depois admitem outra pessoa sem sequer dar cavaco aos restantes. Não estivesse eu à tanto tempo à procura de emprego, até achava que era tarefa fácil...
E pronto, esta é a história de como consegui, finalmente, sair do desemprego. E tem um final feliz, pelo menos para já.
A moral da história é que não podemos mesmo baixar os braços, porque se insistirmos e tivermos sempre esperança e força de vontade, mais tarde ou mais cedo, a nossa hora vai chegar. Podemos ter azar centenas de vezes, mas um dia os astros vão alinhar-se e vai ser o nosso dia de sorte. Ontem foi o meu, amanhã pode ser o vosso.
Ontem à noite um raio atingiu a mão do Cristo Redentor do Rio de janeiro, danificando um dedo médio da estátua. A imagem é do momento exacto em que o raio o atinge tem tanto de linda como de assustadora.
... esperar.
Esperar por uma resposta aos currículos que enviamos. Esperar que nos marquem uma entrevista. Esperar que o entrevistador chegue. Esperar por uma segunda entrevista. Esperar que nos chamem para mais uma fase do processo de selecção. Esperar que nos tenham escolhido a nós. Esperar que nos digam algo, nem que seja para nos mandarem à merda.
Esperar = aguardar.
Esperar = ter esperança.
Esperar e esperar.
... não saber.
Não saber se gostaram de nós. Não saber o que fizemos de errado. Não saber se ainda não se decidiram e ainda vão ligar. Não saber se já decidiram e não vão ligar. Não saber se já decidiram, vão ligar, e as notícias vão ser más. Não saber quando parar de esperar e de ter esperança. Não saber o que dizer às pessoas que nos perguntam se há novidades.
Não saber o que vai ser da nossa vida...
O Cristiano Ronaldo ganhou a Bola de Ouro.
Uma vez, na escola primária, ganhei uma medalha (e uma t-shirt e uma escova de cabelo da Expo98, que foi nesse ano) atribuída pela junta de freguesia por ter feito o desenho mais bonito num concurso de desenhos sobre a acessibilidade às pessoas deficientes. Eu nunca fui um grande às do desenho, longe disso, portanto acho a vitória se deveu ao significado da mensagem transmitida pela "obra", onde figurava pessoa numa cadeira de rodas que estava a atravessar uma meta com um ar sorridente e os braços no ar.
Num Universo paralelo, ambas as vitórias deviam ter a mesma importância. Ou pelo menos num país que não este Portugal de espírito muito debilitado, pronto a abraçar com fervor qualquer feito mais ou menos notável associado ao país e, principalmente, que acabou de perder um dos seus heróis neste campo.
Também acho que dar-se um troféu feito inteiramente de ouro a um dos homens com mais dinheiro do mundo, e que até já tem um, é um bocadinho desnecessário.
Hoje, regressava eu de uma incursão aos saldos e vinha na minha viatura (ainda não falei aqui no meu carro, mas vai dar um post engraçado) a ouvir a minha querida M80, quando começo a ouvir os primeiros acordes da música Without You, da Mariah Carey. É aqui que começa uma performance espectacular da minha parte a acompanhar a música, que eu já não ouvia há muito tempo e é daquelas que desperta a diva que há em mim - que fazer? - com direito a esbracejar e esgares de sofrimento que terão sido apreciados pelos condutores que por mim passavam.
Eu acho que devia haver pessoas no meio do trânsito a detectar quem vai a cantar e a fazer castings, ali mesmo in loco. Acho que ia descobrir-se muito talento que por aí anda e que tem vergonha de ir aos programas, eu incluída. É que a pessoa ali no carro sozinha (ou não), de vidros fechados, solta-se de uma maneira que lhe permite mostrar todo o seu potencial. Talvez nem devesse estar a partilhar isto aqui, não vá alguém ver e tirar a ideia para fazer um programa de televisão assim.
Ah e agora, entiusiasmada que fiquei com a ideia, ia-me esquecendo do outro propósito do post, que era mais o de colocar aqui um vídeo que muito me fez rir em diversas ocasiões, é um clássico que anima qualquer dia mais tristionho, e que vem a propósito da dita música da Mariah, denominada aqui de Ken Lee, na versão com legendas, que é a mais gira para "karaokar" à vontade.
Em 2004 eu tinha 13/14 anos, e a nossa vida enquanto indivíduos nesta malfadada fase da vida era muito diferente daquilo que é hoje em dia. Todas as gerações acham que no seu tempo é que as coisas eram boas, mas na minha altura acho que foi particularmente interessante, porque crescemos em pleno "boom" da internet e, por isso, vimos nascer (e procriar e morrer) muitas das tendências tecnológicas que marcam a vida dos tempos modernos. Partilho então aqui algumas recordações desse tempo, que não é assim tão distante, mas às vezes parece, com que alguns se identificarão.
A minha internet veio dentro de uma mochila redonda de plástico colorido, e era da Netcabo (depois TVCabo, agora Zon);
Nem todos os meus amigos tinham internet, alguns iam tendo aos poucos e era sempre uma alegria;
Todas as funções que estão agora reunidas no Facebook, andavam espalhadas por uma série de programas, sites e plataformas:
Havia o MSN para teclar com os amigos, e o MSN Plus, um pluggin que adicionava mais algumas funções como cores e jogos;
Os nicknames no MSN eram quase sempre frases enormes. Depois ainda surgiu o sub-nick, com mais espaço ainda para informação desnecessária;
Havia o mIrc, para falar com os amigos e conhecer outras pessoas, uma coisa complicada e bem bem da idade da pedra (eu já comecei a usá-lo numa fase em que era menos mainstream, em plena era de esplendor do MSN, mas na verdade o seu aparecimento foi bem anterior a este);
Havia o Hi5, o mais parecido com o FB agora, mas sem os pais a andarem por lá;
Havia o Fotoblog, que era especialmente popular entre o pessoal de Chelas, Santo António dos Cavaleiros e Linha de Sintra (os chamados "chungas") e era uma mistura de fotografias, fotomontagens e textos onde se chamavam nomes e se faziam declarações de amor/amizade, sempre com alavras como kel e nhos e dama di gueto e comentários onde se faziam ameaças de morte - uma pequena maravilha;
Havia os chats do Aeiou e do Terravista que serviam para ir avacalhar sozinho ou entre amigos. E conhecer pessoas pervertidas, assustar-se e sair, ou não;
Havia os chats do teletexto.
Quem era fixe tinha um Nokia 3310, que ainda hoje é considerado por muitos como o melhor telemóvel de sempre. Dava para escrever sms à velocidade de 235 teclas por segundo, sem olhar, e era à prova de tudo;
Os telemóveis não tinham câmara, nem cores e aquilo que chamavam de "mensagem de imagem" era um conjunto de pixeis que apenas alguns (como o 3310) suportavam e era caríssimo de enviar, pelo que era uma coisa importante e de guardar para sempre;
Os telemóveis melhores e mais recentes eram sempre mais e mais pequenos;
Não havia Moche nem Xtreme. Não havia chamadas nem sms à borla, o mínimo eram 4cênt por sms, pelo que a maioria das comunicações com os amigos eram feitas por toques, e ai de quem atendesse, porque se andava sempre com saldo suficiente apenas para mandar toques. Às vezes era confuso, mas a malta desenrascava-se. Um toque do rapaz de quem gostavas equivalia a uma declaração de amor. Se eras a última a enviar, ficavas triste.
Assistimos, mais tarde, ao surgir dos telemóveis a cores - muito pobres e desmaiadas - e ao surgimento dos toques polifónicos, ou como eu e os meus amigos chamávamos, trolifónicos.
A internet no telemóvel começou por surgir como Wap, dava para ver o a meteorologia e pouco mais e ra muito raro, e nos que já tinham fugia-se a sete pés da tecla porque só servia para gastar dinheiro, portanto internet era em casa, e com sorte.
Consequentemente, quando estávamos juntos ainda estávamos realmente uns com os outros, não a tirar fotografias, não a ver as redes sociais nem a mostrar vídeos no Youtube. Se havia um sms para enviar, o envio não interferia na conversa porque desenvolvemos o dom do multitasking.
Acho que foi a última geração decente, a última cuja infância foi ainda passada na rua a brincar, sem os esterismos dos pais de hoje em dia. Fomos a primeira geração de jovens a crescer com estas coisas, mas ainda nos lembramos de como era tudo antes, sem elas, e por isso as recebemos a todas com espanto, mas sabemos que há outra vida para além da virtual. Não recebíamos o telemóvel ou o computador assim que pedíamos e muito menos sem ter pedido e merecido, exigir os presentes como as crianças fazem hoje em dia então, era impensável, logo aprendemos a dar mais valor às coisas e a apreciá-las melhor.
Hoje foi dia de partir para mais uma etapa da jornada da procura de emprego, mais uma fase de mais um processo de recrutamento.
Depois de duas horas enfiada numa sala a fazer testes psicotécnicos e outras cenas (tudo coisas tenebrosas, que só servem para uma pessoa se sentir uma atrasada mental porque não vê uma sequência lógica onde é preciso haver uma e a sentir-se ainda mais insegura e ansiosa em relação a conseguir ou não o emprego), e mais uma hora perdida numa sala de espera de um hospital para uma consulta (o sistema estava lento e quando finalmente fiz a admissão o médico decidiu ir dar uma voltinha) a pessoa deliberou que, já que me tinha deslocado a Lisboa, era hora de aproveitar para ir fazer coisas mais giras para compensar. Primeiro, foi ver marchar em instantes um crepe com gelado de Ferrero Rocher e chantili - eram quase 18h e eu tinha comido um iogurte e uma sandes de queijo de manhã - que me soube por esta vida e pelas próximas. Eu juro que senti apoderarem-se de mim aquelas toxinas da felicidade que diz que as drogas e o sexo também libertam, senti-me a ficar verdadeiramente feliz e lembro-me de pensar que, por cada coisa má que existe nesta vida também há uma coisa boa que a faz valer a pena, e aquele crepe era uma delas.
Enfim, desejos gastronómicos satisfeitos, e já que se estava num espaço comercial, foi hora de satisfazer outras necessidades, desta vez nos saldos da H&M, de onde veio uma camisinha preta (não tinha nenhuma!) e uma camisa de seda por metade do preço para a mamã, que veste uns tamanhinhos mais para cima e nesses há sempre coisas giras nesta altura (não se pode ter tudo).
E pronto fica assim reestabelecido o equilíbrio no universo. Agora é só esperar que as outras pessoas que fizeram os testes ainda sejam mais retardadas que eu.
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